Acolhimento emocional gratuito reflete sentimento da população na pandemia

Os psicólogos da central telefônica do acolhimento emocional gratuito oferecido pela Prefeitura de Curitiba, o TelePaz, realizaram mais de 1.200 atendimentos em 84 dias. O serviço inédito na Prefeitura foi criado para atender a demanda de servidores e da população em geral devido à pandemia do novo coronavírus (veja os telefones abaixo).

O levantamento feito pelo Departamento de Saúde Ocupacional da Secretaria de Administração e de Gestão de Pessoal considerou os acolhimentos desde o dia 24 de março, quando o serviço começou a funcionar dedicado aos servidores municipais, até o dia 15 de junho. O atendimento ao restante da população teve início no dia 27 de março.

A psicóloga da gerência de psicologia e serviço social e coordenadora do serviço, Margareth Cristina Bolino, revela que, ao longo de quase três meses, as demandas trazidas pelos que procuraram atendimento mudaram e refletiram o que estava acontecendo na comunidade.

Ela explica que o sofrimento trazido pelo isolamento e o distanciamento social em razão da covid-19 sempre foram questões frequentes desde o início do atendimento. Aspectos relacionados ao convívio familiar forçado também foram manifestados nas ligações.

Medo e luto

“Assim que começou a flexibilização com o funcionamento de parte das atividades, algumas pessoas passaram a trazer a sua preocupação com a segurança, elas começaram a falar da ansiedade que sentem, dos medos que têm de contaminarem alguém ou de serem contaminadas diante da volta das atividades”, disse a psicóloga da saúde ocupacional.

Segundo Margareth, nas últimas semanas, surgiu um novo perfil de atendimento. “Algumas pessoas entraram em contato devido ao sofrimento trazido pela perda de alguém próximo que morreu por causa do novo coronavírus”, detalha.

Mais do que um telefonema

Margareth destaca ainda que a escuta qualificada profissional dos psicólogos da Secretaria da Saúde e do Departamento de Saúde Ocupacional da Secretaria de Administração e de Gestão de Pessoal faz toda a diferença.

Logo no início da implantação do serviço, diante do momento de urgência, foi formatado um protocolo, aprimorado ao longo do tempo. A coordenadora atribui o sucesso dessa iniciativa à capacidade técnica da equipe que tem grande experiência clínica.

“Trata-se de um tipo de atendimento que exige mais do profissional. Não é apenas uma ligação telefônica. É um acolhimento. Nós ouvimos histórias de pessoas que não podemos ver, não podemos analisar suas reações”, afirma.

“Durante aquele tempo de conversa, precisamos acolher e identificar o melhor encaminhamento, a orientação mais pertinente. Quando julgamos necessário, ligamos novamente para esta pessoa para ver se ela está estabilizada”, detalha. Em alguns casos, as pessoas voltam a ligar espontaneamente.

Nas situações mais graves, o psicólogo pode encaminhar o cidadão para o atendimento profissional disponível na rede municipal.

Em média, as conversas duram de 20 a 25 minutos, mas não há limite de tempo para cada atendimento.

As mulheres representam a maior parte do grupo dos que buscam o TelePaz. “Mas os homens têm trazido suas questões também. Quem procura o serviço, independentemente de gênero, são pessoas que estão sensibilizadas para as questões emocionais. Com a pandemia, houve o agravo das condições psicológicas existentes anteriormente”, diz a coordenadora.

Por outro lado, explica, algumas pessoas se depararam, pela primeira vez, com questões como ansiedade, depressão, questões que ficaram evidentes em razão do isolamento social. “Cada pessoa sofre de um jeito”, ressalta Margareth.

Servidores em acompanhamento

Os servidores municipais que já enfrentavam alguma questão emocional antes da epidemia e que estavam em acompanhamento contam, além do TelePaz, com o monitoramento da equipe da Saúde Ocupacional. Os profissionais de saúde têm atenção especial. A avaliação de cada um é feita também em conversas telefônicas.

Serviço: TelePaz – Acolhimento emocional

Para os servidores: 3350 8200
Para a população em geral: 3350 8500
Atendimento de segunda a sexta-feira, das 8 horas às 18 horas

By Agência de Noticias da Prefeitura de Curitiba