Aulas de Educação Financeira ajudam a criar hábitos conscientes

A Secretaria de Estado da Educação e do Esporte iniciou este ano um novo componente curricular no Ensino Médio – a Educação Financeira. O objetivo é que a nova geração cuide melhor das finanças pessoais, pois saber administrar o orçamento familiar e ter um planejamento financeiro faz a diferença no presente e no futuro.

Segundo a última Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada em março pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), 67,3% das famílias brasileiras estavam endividadas. Aquelas inadimplentes, ou seja, com contas ou dívidas em atraso, eram 24,4% e as que declararam não ter condições de pagar as dívidas em atraso somaram 10,5%.

“Não é trabalhar apenas a Matemática, mas, mais que isso, o comportamento social”, define o professor Kiiti Ito, do Colégio Estadual Marcelino Champagnat, em Londrina.

Ele, que leciona Matemática há 21 anos na rede estadual, agora também dá aulas de Educação Financeira para cinco turmas do 3º ano e uma do 1º. Antes mesmo de saber que o componente seria implementado, logo no começo da pandemia, no ano passado, o professor havia iniciado, coincidentemente, cursos de finanças pessoais e matemática financeira. “Quando descobri que teria o novo componente, pensei: quero dar essa aula”, comenta.

Percentagem, funções, frações, gráficos, tabelas, números reais e juros simples e compostos servem de suporte para aplicar a Matemática em situações cotidianas que envolvem o uso e administração do dinheiro, com o objetivo de desenvolver hábitos e comportamentos conscientes impactando diretamente no planejamento de vida individual e familiar.

“Aplicamos em situações práticas, como o desejo de comprar algo. Falamos da regrinha das quatro perguntas: eu quero? Preciso? Posso pagar? Devo comprar? Uma vez decidida a compra, abordamos o benefício de uma compra à vista, os juros se ela for a prazo, e outras questões com inflação, dólar e demais fatores que podem impactar dependendo do produto”, exemplifica Kiiti, que tem solicitado aos alunos que conversem com os pais sobre as aulas e sejam agentes multiplicadores do processo.

“Acho a disciplina muito importante, já que diz respeito ao cotidiano de todos, principalmente quando começamos a ter mais contato com essas situações envolvendo dinheiro, perto de ingressar no mercado de trabalho”, diz o estudante Gabriel Aquino, do 3º ano do Marcelino Champagnat. “As aulas me surpreenderam, as discussões que o professor propõe entre os alunos, perguntas feitas e o engajamento para o assunto são muito corretos”.

Fora da sala de aula remota, Kitti também utiliza suas redes sociais (@profkiiti) para compartilhar mais conteúdos sobre o tema, com vídeos curtos e até lives com ex-alunos.

Além dessa relação com o dinheiro, como a necessidade de consumo, a proposta é estimular novos hábitos e formas de obtê-lo, poupá-lo e investi-lo, abordando eixos temáticos como vantagens e desvantagens no uso do crédito (juros), causas e consequências do endividamento excessivo, diferenciação de ativos e passivos, poupança, investimento e previdência, análise do mercado de trabalho e empreendedorismo.

VANGUARDA – No Colégio Estadual Professora Reni Correia Gamper, em Manoel Ribas, a Educação Financeira já era tratada em anos anteriores, com palestras e atividades específicas em sala de aula.

“A gente sempre procura levar a educação para fora dos muros da escola. Com a Educação Financeira a gente já desenvolve um trabalho desde 2018. Organizamos uma palestra com um consultor de um banco e pedimos que os alunos trouxessem alguém da família junto”, relembra o diretor Altevir dos Santos. Além disso, o projeto “Matemática na ponta do lápis” também levava o assunto para dentro da sala de aula em momentos presenciais.

Agora, já como componente curricular e em um momento com restrições, a escola novamente inovou com o tema e convidou uma consultora de jovens para um aulão online.

“Nós mandamos o material que estamos trabalhando e ela preparou um alinhado ao nosso, pedimos autorização à secretaria estadual e deu certo, foi bem recebido pelos estudantes. É uma pessoa recém-formada no Ensino Médio, ou seja, na mesma fase da vida, anseios semelhantes e que tem uma linguagem igual”, diz Santos.

Durante as aulas, os professores da escola já implantaram como uma das atividades a realização de uma planilha de orçamento pessoal, aplicando conceitos de receitas e despesas para evitar “ficar no vermelho” e já introduzir os estudantes ao protagonismo de suas vidas financeiras.

By Agência de Notícias do Estado do Paraná